Desde que conheci a famosa frase do filósofo grego Tales de Mileto, que diz: “A coisa mais difícil da vida é conhecer a si mesmo”, venho praticando a máxima de me avaliar periodicamente. Esse autoexame não é apenas uma forma de introspecção, mas um caminho para a verdadeira sabedoria, como preconizado pela filosofia antiga. Para os gregos, o conhecimento de si mesmo era o primeiro passo para a virtude, a base para todas as outras formas de entendimento.
Outro pensamento que sempre cito em minhas reflexões vem do filósofo estoico Sêneca, que afirma: “Quem te faz mal não te fere tanto quanto quem te engana, pois na traição se destrói tanto a confiança quanto o coração.” Essa ideia ressoa profundamente em minha experiência, especialmente na vida pública, onde a traição é uma constante.
Traição na Vida Pública
Na vida pública, encontramos dois tipos de políticos: aqueles que traem para alcançar seus objetivos e aqueles que são traídos por pessoas de sua própria confiança, manipuladas para interesses alheios. Infelizmente, essa é uma realidade que já presenciei inúmeras vezes ao longo de minha jornada profissional.
A traição é retratada de forma marcante na Bíblia, no episódio de Judas Iscariotes, que traiu Jesus por 30 moedas de prata. Nesse contexto, as moedas simbolizam a corrupção moral e a degradação dos valores. Embora a motivação de Judas não tenha sido a inveja, como comumente ocorre na política, a analogia permanece clara: a traição é frequentemente movida por ganância e interesses pessoais.
O Impacto Destrutivo da Traição
Tal como expressa Sêneca, a dor da traição não se limita ao ato em si, mas ao que ela destrói — a confiança e os laços que sustentavam a relação. Isso é particularmente devastador quando a traição vem daqueles em quem mais confiamos. Na política, as consequências são ainda mais amplas, pois afetam não apenas os indivíduos diretamente envolvidos, mas também toda uma comunidade.
O verdadeiro político, aquele que possui caráter e honra seus compromissos, deve ser um modelo a ser seguido. Contudo, ele erra ao aceitar ao seu lado pessoas de caráter duvidoso, que promovem a discórdia e ferem os outros em busca de vingança ou por pura maldade. Ao tolerar essas atitudes, mesmo o político mais honesto compromete sua reputação e seus ideais.
A Importância da Escolha Certa
Há inúmeras situações em que políticos com boas intenções se veem derrotados por causa de escolhas equivocadas. Permitir ações nocivas por vaidade, ciúmes, medo ou vingança é um erro fatal. Gestores, principalmente os atuais que comandam prefeituras em todo o Brasil, devem redobrar a atenção na seleção de suas equipes. As funções devem ser distribuídas com base na competência e na confiança, assegurando que todos respeitem as atribuições alheias e ajam com lealdade durante todo o mandato.
Ao agir assim, o político evita conflitos de interesse e cria um ambiente de harmonia, garantindo que cada um receba o que é justo, como ensina o ditado: “A César o que é de César.”
A Verdade Sempre Vem à Tona
Encerramos com uma reflexão sobre a justiça divina e o conceito de ordem universal. Nada fica encoberto diante de Deus. Toda maldade, covardia e traição têm um preço. Quando as ações ocultas são reveladas, inicia-se a cobrança, não pelos homens, mas pelas forças universais, regidas por Deus. Como expressa a tradição bíblica: “Nenhuma folha cai de uma árvore sem que Deus saiba.”
Na filosofia estoica, encontramos o conceito de logos, a razão universal que governa o cosmos e assegura que tudo se desenrole conforme uma ordem moral maior. Assim, a justiça divina e o logos estoico se complementam, garantindo que a maldade não prevaleça eternamente.
Particularmente, sou testemunha viva de que Deus nunca permitiu que a maldade triunfasse em meu caminho. Ele revela, dia após dia, o verdadeiro caráter das pessoas e as tramas escondidas. Que possamos confiar sempre na justiça divina e buscar agir com retidão, pois a verdade é eterna e inescapável.
Comments